Boa notícia para a Estudantina: prefeitura pretende lançar edital para restauração das fachadas dos imóveis da Praça Tiradentes
O JORNAL FALANDO DE DANÇA apoia a revitalização do entorno
da Praça Tiradentes, local historicamente ligado à boemia e à dança de salão
carioca.
E torce para que a fachada da Estudantina se enquadre neste
edital sobre o qual saiu a seguinte matéria, publicada dia 1º/10 no site do
jornal Valor Econômico.
A Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana,
Arquitetura e Design do Rio planeja lançar em outubro uma chamada pública de
projetos para restauração de fachadas de imóveis do entorno da Praça
Tiradentes. Serão selecionados 30 projetos de arquitetos ou empresas de
arquitetura, dos quais cinco terão cotas de R$ 400 mil, ao passo que os 25
restantes terão fatias de R$ 100 mil cada um.
O subsecretário Washington Fajardo explica que o texto do
edital será semelhante ao de chamadas públicas voltadas para o mercado
cultural, como é feito na seleção de filmes. Ele diz que o dinheiro a ser
empregado em cada um dos 30 projetos custeará a restauração apenas da fachada
do imóvel, para padronizar e preservar o estilo arquitetônico do entorno da
Tiradentes, ocupado por sobrados que variam do barroco e do neoclássico ao art déco.
"Achamos que isso é um estímulo para o pequeno e para o
médio empreendedor. Acreditamos que, a partir da seleção dos projetos, possam
surgir mais empreendedores na região", afirma Fajardo.
De acordo com ele, o plano de urbanização da prefeitura para
a Tiradentes inclui também uma ocupação residencial para impedir que a região
sofra de problemas enfrentados pela Lapa. O tradicional bairro boêmio,
localizado na região central da cidade, próximo da Tiradentes, tem um grande
movimento de pessoas durante a noite, atraídas pelos bares e boates da região,
mas fica praticamente sem atividades no período diurno, afirma Fajardo.
"A Lapa fica às moscas durante o dia, com bares e
restaurantes fechados. Queremos evitar que isso ocorra na Praça
Tiradentes", diz o subsecretário.
"É fundamental pensarmos em novos tipos de ocupação do
espaço público", diz o arquiteto Raul Smith, coordenador do Studio-X, que
aposta na criação de corredores culturais. O arquiteto brasileiro critica a
ocupação da Lapa. "Hoje os bares atraem gente só à noite e a região vive
só do consumo. Deveria ser pensado também a produção cultural. Se a Lapa é mais
viva à noite, aqui [na Praça Tiradentes] devemos priorizar a ocupação durante o
dia", diz.
Smith se preocupa com a especulação imobiliária, que pode
afastar moradores da região. "O patrimônio cultural não é apenas físico,
as construções, mas também as relações entre as pessoas que ocupam a
áreas".
Para ele, aumentar o número de residentes no centro da
cidade deveria ser prioridade para as políticas públicas na região. "O
aumento da população é um grande dínamo para revitalizar uma região. A partir
daí cria-se demanda para o comércio", diz.
Fajardo diz que a prefeitura visa à ocupação da região pela
classe média.
Caminhando pela Tiradentes, nota-se que a revitalização da
ainda está em andamento e que o término desse processo ainda levará algum
tempo. Algumas árvores dispostas na praça são tão grandes que dificultam olhar
o entorno da praça, inclusive a fachada dos prédios. Há casarões abandonados e
outros que estão ocupados, mas sem a devida conservação.
Símbolo de imóvel abandonado na região, o Edifício Riqueza
ainda conserva os traços da explosão ocorrida em outubro do ano passado no
restaurante Filé Carioca, que ficava no térreo do imóvel. Quatro pessoas
morreram e 17 ficaram feridas após a explosão de um botijão de gás do
restaurante, que funcionava com alvará provisório, mas usava cilindros de gás
sem autorização.
Quase um ano depois, o edifício ainda tem vergalhões de sua
estrutura expostos e a loja onde funcionava o restaurante está com tapumes na
entrada. Curiosamente, na calçada do edifício há uma placa da Secretaria
municipal de Conservação, com a inscrição "Atenção Desvio". (DM e GS)
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