Nada de grandes palcos em locais públicos, nenhuma cerimônia oficial. A data de 29 de abril, instituída pela UNESCO como Dia Internacional da Dança, não teve nenhum apoio oficial para atingir o objetivo de sua criação, qual seja, chamar a atenção do público em geral para a importância da dança, e contribuir para sua divulgação.
No Rio de Janeiro, a data só não passou de todo em branco graças à iniciativa de Edézio Paz, da web rádio JD, e presidente da Associação de Dança de Salão do Estado do Rio de Janeiro, que conseguiu reunir em uma mesa de debates, com transmissão ao vivo pelo Programa Platéia, algumas figuras de peso do cenário da dança do Estado.
O Jornal Falando de Dança esteve presente a um dos debates (veja foto acima), quando se discorreu, dentre outros tópicos, sobre o panorama da dança neste século e sobre suas conquistas. A seguir destacamos algumas passagens.
Sobre as conquistas da dança
Para Jaime Arôxa, as conquistas foram muitas, sobretudo em sua seara, a dança de salão. Ele destacou a introdução na dança de salão de movimentos de danças afro, contemporrânea e de ballet clássico, enriquecendo o repertório. E defendeu o estudo do ballet clássico por parte daqueles que queiram seguir profissionalmente na dança de salão. “O ballet ensina o profissional a ter disciplina e melhora a qualidade de sua dança”. Lamentou, no entanto, que o grande público não tenha sido ainda cativado, o que se prova pela expressão “ele dançou”, empregada de forma pejorativa.
Os benefícios do ballet para o aprendizado
Para Myriam Camargo, há trinta anos trabalhando com ballet clássico, seu aprendizado deveria ser estimulado de forma mais sistemática, não somente direcionado àqueles que desejam seguir carreira. Aliás, ponderou a professora, 90 por cento de seus alunos não se profissionalizam, mas a experiência fica e os benefícios também: o ballet melhora a postura, disciplina, desenvolve a musicalidade e a apresentação em palcos. Os movimentos de fazer e refazer trabalham a mente das crianças e ajudam em seu desenvolvimento.
Sobre a redução dos espetáculos de dança no país
Nora Esteves lamentou que o destaque atualmente dado à dança contemporânea tenha limitado as manifestações de outros estilos de dança. Jaime Arôxa, por sua vez, comentou que a falta de união da classe, tornando a dança bastante segmentada, prejudica a divulgação da dança junto à população. Já Myriam Camargo atribuiu a baixa popularidade à falta de incentivos para que a dança seja inserida na programação da mídia. “Toda quarta tem futebol, todo mundo sabe, mas programas de dança só tarde da noite e em canais restritos. A dança só aparece mais quando inserida em novelas, por exemplo”. Ao que Ana Botafogo acrescentou que qualquer segmento em que a dança é inserida serve para divulgar os estilos de dança e encantar o público.
O que fazer para a formação de platéia e de novos praticantes
Para Jaime Arôxa, seria importante a criação de mais centros coreográficos descentralizados, levando a dança para o interior. E o trabalho conjunto de órgãos públicos e iniciativa privada, conjuntamente com os maiores interessados, que são os profissionais da dança, para a promoção de grandes bailes populares. Para Ana Botafogo, é necessário mais apoio governamental para fazer chegar a dança ao público, como aconteceu recentemente com a Virada Cultural, na capital paulista, que já entrou para o calendário de eventos da cidade.
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- Na mesa, da esquerda para a direita, Jaime Arôxa, Vilma Vernon, Edézio Paz, Ana Botafogo, Myriam Camargo e Nora Esteves
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